Entrevista com Rosane Fantin

Entrevista com Rosane Fantin

É com uma imensa alegria que Amantes de Livros recebe esse doce de pessoa. Rosane Fantin seja bem vinda e obrigada por nos conceder  esse bate papo gostoso . 

Pessoal , autora de Confusões de um Viúvo   pela editora Aped . Espero que curtam tanto quanto eu .

1- Como surgiu a vontade de se tornar escritora? 

Nunca pensei em me tornar uma escritora. A vontade de escrever histórias surgiu como um desafio, na época em que eu frequentava o Orkut e tomei contato com as chamadas fanfics. Isto aconteceu em 2005. Comecei a acompanhar uma dessas histórias e a autora acabou parando no meio do caminho. Fiquei chateada com aquilo e decidi eu mesma escrever uma fanfic curta e testar o interesse das leitoras. Para minha surpresa, todas gostaram do meu romance relâmpago de 18 páginas. A partir dai, não consegui mais parar de imaginar e escrever. Tornou-se um vício e um lazer extremamente prazeroso. 

2 - Como foi o processo para escrever Confusões de um viúvo? Quanto tempo demorou para estar finalizado? 

Eu tinha acabado de escrever um romance de suspense, com crimes em série (este ainda não foi publicado), e estava sem inspiração para o próximo. Uma amiga sugeriu que eu escrevesse algo mais leve, tipo um pai charmoso, enredado com filhos. Aí surgiu a ideia do viúvo com duas filhas. Fiz uma pesquisa na internet a respeito de pais solteiros e suas aventuras e desventuras com filhos pequenos. A minha experiência como mãe também ajudou bastante no relato das confusões com as meninas. Demorei quatro meses para escrever esse romance. 

3 – Escolha um trechinho especial de Confusões de um viúvo, para nossos seguidores . 

Esse trecho mostra o início do romance entre Leo e Bruna.

“Finalmente elas haviam adormecido. Estavam muito excitadas pela presença de Bruna e com a perspectiva da visita à “terra do chocolate”. Correu para a sala e não a viu. Teria ela se cansado de esperar e ido embora? Não tiro a razão dela. Este definitivamente não é o programa de uma sexta à noite para uma mulher solteira e linda como ela. Mal tinha completado este pensamento, quando ouviu o som de pratos na cozinha. Não acreditou quando a viu de costas, cantando algo em tom de voz muito baixo e dançando discretamente, defronte à pia, enquanto secava a louça que acabara de lavar. Ele ficou escorado na porta observando-a, seduzido pela graça, espontaneidade e beleza daquela mulher. Ao sentir uma presença atrás de si, ela virou-se e quase deixou cair o último copo que acabava de secar.

- Leonardo! Que susto!

- Leo.

- O quê?

- Me chame de Leo. Leonardo é muito longo. Meus amigos me chamam de Leo.

- Está bem... Meus amigos...

- Não precisava ser dar ao trabalho.

- Divisão de tarefas é uma boa pedida. Não acha?

- Faz muito tempo que não vejo alguém lavar a louça do jantar aqui de casa. É estranho... – falou pensativo – ... Bem, acho que vou chamar um táxi para levá-la. Infelizmente não posso deixar as meninas sozinhas...

- Eu gostaria de ficar um pouco mais – pediu enquanto secava as mãos num pano de copa. – Acho que precisamos conversar.

Ele continuava ancorado na porta com um estranho brilho em seus olhos verdes, observando a aproximação dela. Quando estava tão perto quanto esteve na livraria, naquele final de tarde, encarou-o, tomando coragem para perguntar o que mais a afligia nas últimas horas.

- Por que você me beijou? Não fique vermelha agora, não fique...

- Pelo mesmo motivo que estou com vontade de beijar agora – murmurou rodeando-lhe a cintura com as mãos, puxando-a com delicadeza contra seu peito e aproximando a boca de seus lábios, deixando-a sem ar.” 

4 - Cite um trechinho que você mais gosta , vamos deixar as pessoas com mais vontade de ler seu livro . 

Gosto muito do trecho em que Leo vai ao MacDonald’s com as filhas. Ali mesclei minha própria experiência com um relato que peguei na internet. Aí está: 

“- Papai, será que a gente pode ir no Mac? – sugeriu Marina ao entrar no carro.

- No Mac? Em plena terça-feira, Marina? Não acho que seja uma boa...

- Ah, papi, vamos! – exclamou Tati, evidentemente animada para o programa inusitado num fastfood.

Sabia que não era o ideal, mas estava desanimado demais para contrapor-se aos rostinhos iluminados que o observavam atentamente, aguardando o seu sim.

- Bem... Em vista de não ter nada melhor em casa, acho que podemos quebrar esta regra hoje. Só hoje! – acabou por dizer sorrindo, diante dos gritinhos de satisfação de sua pequena dupla.

Seguiram para o shopping mais próximo. Por sorte ainda não havia muita gente aguardando na frente dos caixas. Ainda era cedo para jantar para a maioria das pessoas. Leonardo acabou por tranquilizar-se com sua resolução. Seria bom sair um pouco da rotina. Solicitaram os lanches, escolheram os brinquedos oferecidos como brinde e, assim que se sentaram à mesa, Tati olhou-o e disse:

- Preciso fazer xixi...

Contraindo a testa e se maldizendo por ter esquecido de levá-las ao banheiro antes de sentar para a refeição fora de casa, tornou a olhar as bandejas à sua frente e a face aflita de Tati.

- Não dá para segurar um pouco, filha? – tentou.

- Não dá, papi... Tô muito apertada...

Começou a recolher os hambúrgueres, fritas, caixas e brindes, que os acompanhavam, colocando tudo sobre uma bandeja. A partir daí, encaminhou-se para o banheiro feminino, já antecipando as dificuldades que teria de enfrentar.

- Marina, tu entras com a tua irmã e a ajuda, tá bom? O pai fica aqui na porta esperando por vocês.

- Tá bom, papai – disse compenetrada e adquirindo os ares de irmã mais velha. – Vem, Tati, vem com a mana – comandou dando a mão para a caçula.

Parado na porta, segurando os lanches, observava ansioso o movimento de entrada e saída das mulheres, esperando que o toalete esvaziasse, caso as meninas precisassem dele. E isso não tardou a acontecer.

- Papai! Papai! A Tati fez cocô!

E agora, droga! Como vou fazer?

Desesperado, olhava a sua volta, quando viu uma auxiliar da limpeza do estabelecimento aproximar-se.

- Por favor, a senhora trabalha aqui?

- Sim – respondeu ela com o sorriso mais cativante do mundo – Precisa de alguma coisa?

- Na verdade, sim. Minhas filhas pequenas estão neste banheiro e eu preciso entrar para ajudá-las.

Neste instante, a voz de Marina se fez ouvir de novo.

- Papai!!! Tu tem que limpar a Tati!

A mulher fez uma cara péssima e foi logo tirando o corpo fora.

- Eu não posso ajudá-lo nisso.

- Não estou pedindo que a senhora limpe a minha filha. Só gostaria que entrasse ali e verificasse se o banheiro está vazio, para que eu possa entrar.

- No banheiro feminino o senhor não pode entrar – falou como se não entendesse a gravidade de sua situação – Onde está a mãe delas? – indagou olhando para os lados.

- Elas não têm mãe... – falou irritado – Olhe, eu lhe dou uma gorjeta se fizer este favor para mim. É só ver se a área está liberada e impedir que mais alguém entre até eu poder ajudar minha filha.

Como se tivesse ouvido uma palavra mágica, a funcionária enfim cedeu ao seu rogo.

- Espere aqui um pouco. Já volto – disse entrando no sanitário, para logo em seguida retornar e informar – Está vazio. Pode entrar que eu cuido para que ninguém entre.

- Muito obrigado – agradeceu secamente e entregou-lhe a bandeja – Pode segurar um pouco? É o jantar delas.

- Está bem – obrigou-se a aceitar, esperando que a gorjeta valesse a pena.

Ele entrou rapidamente, aproveitando o pouco tempo que certamente teria, e logo viu Marina a sacudir os braços, mostrando a localização de Tati numa das cabines.

- Pronto. O pai já está aqui – acalmou-as – Marina, se tiver vontade também, aproveite e seja rápida. Eu não posso ficar muito tempo, pois é proibida a entrada de homens aqui.

- Tá bem, papai. Vou fazer xixi.

Terminado seu trabalho, com duas crianças perfeitamente aliviadas de suas necessidades, separou uma nota de dez reais e saiu. Felizmente a auxiliar continuava ali na entrada, com cara de poucos amigos, mas ainda segurando a bandeja e impedindo a entrada de duas adolescentes que olharam para ele com cara de espanto, antes de iniciarem as risadinhas e correrem para dentro do lavatório.

- Muito obrigada pela sua gentileza, senhora – agradeceu entregando a gorjeta.

- Não tem de quê – falou áspera. Pegou o dinheiro, entregou a bandeja e sumiu pelo corredor afora.” 

5 – Seus personagens são ricos em personalidade , me apaixonei . Se inspirou em alguém próximo ou foram apenas fictícios ? 

Fico muito contente em saber que pensas assim. Na verdade, os personagens são totalmente fictícios. 

6- Qual foi sua maior dificuldade para a publicação do livro ?? E como venceu os obstáculos ? 

Publicar no Brasil não é uma tarefa muito fácil. Tive muita sorte com o Confusões de Um Viúvo. No início do ano passado, fiquei sabendo através do blog Doce Encanto a respeito de um concurso realizado pela Editora APED para escolher um romance inédito entre autores nacionais. O ganhador teria seu livro publicado pela editora sem custo algum. Enviei o livro, sem grandes pretensões. Para minha surpresa, dois meses depois, recebi o aviso da editora Zélia de Oliveira que meu livro tinha sido o escolhido entre 38 autores. Seria muito bom se outras editoras seguissem o exemplo da APED, promovendo de forma mais completa os novos autores nacionais, pois a maioria não têm como arcar com as despesas de edição e publicação. 

7 - Tem projeto novo? Se sim, conte-nos um pouquinho. O que podemos esperar. 

Tenho vários projetos. Sempre digo que tenho um banco de ideias prontas para serem aproveitadas. No entanto, atualmente, estou escrevendo um romance histórico, baseado num fato que ocorreu durante a Guerra dos Cem Anos. É um projeto que iniciei há cerca de cinco anos quando fazia pesquisas para o meu segundo livro, ERIK. Paralelamente, um romance se desenvolve na atualidade, relacionado com os fatos históricos. Assim, estou escrevendo dois romances ao mesmo tempo, em um mesmo livro. Não é fácil, mas acho que está ficando bom. Quem quiser conhecê-lo é só visitar o meu blog. Ficarei muito contente com os comentários favoráveis, bem como com as críticas. Esse tipo de relação com os leitores é muito estimulante. 

8 - Como as pessoas podem ficar por dentro das novidades do seu trabalho ? 

Quem quiser me conhecer melhor pode acessar o blog Romances ao Vento, minhas páginas no FB ou no Twitter : 

Página Oficial do Livro Confusões de um viúvo  

Página Oficial O Corsário Apaixonado

Página Um amor no Deserto

Página oficial Erik  

Página Na rede do Pescador  

Twitter :  Clique aqui

9 - Quem se interessou pelo seu livro pode adquirir como ? 

Confusões de Um Viúvo está a venda na livraria virtual da APED ( Clique aqui  )

ou no site da Livraria Cultura ( Clique Aqui ) 

10 - Como esta sua agenda ? Algum evento ? Convide nossos seguidores 

No momento, não tenho nada agendado. Se algo surgir, certamente colocarei no FB e no blog.

11 - Jogo rápido = 

Sonho : Ser um autora de sucesso... Por que não?

Livro : O Físico, de Noah Gordon. 

Autor : Érico Veríssimo

Música : Não tenho uma música preferida e sim autores, cantores ou bandas. Entre os nacionais, Milton Nascimento, e entre os internacionais, adoro Coldplay.

Filme : A Noviça Rebelde

Lugar : Paris

Deus : Sempre presente

Frase :

Felicidade é a certeza de que a nossa vida não está se passando inutilmente.

( Érico Veríssimo) 

12 - No final deixe um recadinho para o Amantes de Livros 

Gostaria de te agradecer, Dani, pela oportunidade de apresentar o meu trabalho aos seguidores do blog Amantes de Livros e parabenizá-la por sua ação de valorização e promoção dos escritores nacionais. É muito gratificante para um autor ver seu trabalho reconhecido e valorizado pelos aficionados por leitura. Muito sucesso para o blog e suas idealizadoras. Um beijo grande!